Casa de Cultura Mario Quintana apresenta “Cultura no Antropoceno”
A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), apresenta “Cultura no Antropoceno”, uma série de encontros que acontecem entre 16 de outubro e 13 de dezembro, em diferentes espaços da Casa. Gratuita e sem inscrições prévias, a programação é composta por mesas-redondas, debates, conferências, sessões de curta-metragens e oficinas, além de ações artísticas, inclusive nas redes sociais da instituição.
Para descrever o momento atual da história geológica do planeta Terra, alguns cientistas têm usado o conceito de Antropoceno, que significa, justamente, o momento em que o ser humano e seus feitos são entendidos como força geológica capaz de provocar alterações no clima, desafiando nossas maneiras de viver até então. Parte do problema é como a própria humanidade se colocou no centro, a ponto de ignorar outras espécies e modos de vida que não os estipulados pelos padrões europeus, brancos e patriarcais.
Para a diretora da CCMQ, Germana Konrath, “Cultura no Antropoceno” procura discutir a ideia moderna de humanidade ao dialogar com outros saberes e práticas que possibilitem formas diversas de habitar o mundo e de nos relacionarmos, a partir de vivências plurais. “Mais do que nunca, torna-se urgente a revisão de quais são as perspectivas a respeito da nossa relação entre cultura e natureza, seres humanos e outros seres”, aponta Germana. “Nessa programação, isso vem de maneira muito forte, não só por pesquisas acadêmicas, mas também por pesquisas artísticas das linhas de audiovisual, literatura e artes visuais, de uma maneira interdisciplinar, característica que marca a nossa Casa de Cultura”, completa.
A conferência de abertura, intitulada “Antropocenos do Sul: Crises e criações para um novo regime climático”, será realizada na próxima quarta-feira (16/10), às 19h, na sala Sérgio Napp 2, no 2º andar da CCMQ. Nela, o professor André Araújo partirá de perspectivas locais para tecer uma reflexão inicial sobre o Antropoceno. Em dezembro, será a vez das conferências com Rita Velloso e com Kaká Werá Jecupé, que encerram o ciclo.
Em mesas-redondas que ocorrem no dias 24 de outubro, 21 de novembro e 12 de dezembro, escritores, artistas visuais, geólogos, arquitetos e urbanistas debaterão assuntos como a produção artística, a relação com a Terra, as emergências climáticas e os discursos produzidos em relação a elas, além de possibilidades de futuro a partir do momento que vivemos. Todos os encontros serão no auditório Luis Cosme, no 4º andar da CCMQ.
O primeiro encontro, intitulado “No tempo da terra”, reúne André Leal, Lola Fabris e Rose Afefé, com mediação de Marco Antônio Filho. No segundo encontro, as escritoras Ana Rüsche, Micheliny Verunschk e Taiasmin Ohnmacht se encontram na mesa “Uma proliferação de mundos”, que terá mediação de Brenda Vidal. A terceira e última mesa-redonda conta com apoio institucional do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPUR/UFRGS). Sob o título “A cidade e a emergência ambiental”, a mesa reúne Eugenia Aumond Kuhn, Heleniza Campos e Rualdo Menegat, mediados por Paulo Reyes.
A programação se desdobra ainda em cinco discussões entre artistas, escritores e pesquisadores, intituladas “Contaminações”. Elas buscam instigar o público a perceber a confusão de fronteiras entre humano e animal, organismos e máquinas, e o físico e o não físico, bem como observar se o ser humano está realmente separado de seus objetos de desejo, do lixo que produz, da linguagem e dos espaços que habita.
Entre os convidados das interações estão artistas como Cristyelen Ambrósio, Carolina Marostica, Marina Camargo, e as escritoras Irka Barrios e Julia Dantas. As conversas podem ser conferidas entre 30 de outubro e 30 de novembro, às quartas-feiras, 19h, também no auditório Luis Cosme.
A programação completa está disponível no link.
Curta no jardim
Durante o “Cultura no Antropoceno” serão retomadas as tradicionais exibições de curtas-metragens que ocorriam periodicamente, durante o verão, no Jardim Lutzenberger, localizado no 5º andar da CCMQ. Organizadas pelo coletivo Tela Indígena, três sessões apresentarão 10 curta-metragens de realizadores indígenas, nos dias 31 de outubro, 7 e 14 de novembro.
Com curadoria de Ana Letícia Meira Schweig e Geórgia Macedo, as três mostras pretendem apresentar ao público a pluralidade de formas de ver e estar no mundo de diferentes povos indígenas.
Ações nas redes sociais da CCMQ
Para completar o projeto, quatro ações temáticas estão na programação das redes sociais da Casa, com o objetivo de possibilitar a reflexão sobre a crise climática e o Antropoceno. Na primeira delas, o professor e fundador da Associação de Práticas e Pesquisas em Humanidades (Apph), Fernando Silva e Silva, apresenta quatro vídeos que explicam conceitos fundamentais sobre o assunto. O conteúdo já pode ser conferido no Instagram da CCMQ @ccmarioquintana.
Ainda em outubro, o projeto de arte “Dilúvio Vivo”, idealizado pelo biólogo Beto Mohr e a fotógrafa Tuane Eggers, apresentará um vídeo que retrata as formas de vida no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre. Já em novembro, o quadrinista Pablito Aguiar desenhará histórias do período em que a CCMQ estava alagada. Por fim, em dezembro, a arquiteta, urbanista e ilustradora Ana Luiza Koehler irá retratar o passado, o presente e o futuro especulativo da instituição através de ilustrações.
Detalhes dos três meses de evento, que ainda contam com oficina de Yoga, performances e palestra, também estão disponíveis em @ccmarioquintana.
O plano anual da CCMQ é financiado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com o patrocínio direto do Banrisul, patrocínio Master do Nubank, patrocínio Prata da CEEE Equatorial e patrocínio Bronze Statkraft; apoio de Panvel, Banco Topázio, DLL, Navegação Aliança, Tintas Renner e iSend; e realização da Sedac e do Ministério da Cultura – Governo Federal.
Publicado: 11/10/2024